quinta-feira, 5 de abril de 2018

Uma Pequena Cronologia das Igrejas Cristãs


SÉC. I até IV D.c.
    Após passar por suas Igrejas primitivas de Jerusalém, Roma, Antióquia, Alexandria, Corinto, Éfeso, o Cristianismo sofrerá perseguições do Império Romano. Porém, se fará forte ao ser aceita como religião oficial do Estado romano pelo imperador Constantino.
    No SÉC. IV enfrentará divergências: O Gnosticismo e o Arianismo.  Vencedora nestes conflitos, em 325 D.c, no Concílio de Nicéia lhe será oficializado o nome de “Igreja Católica Apostólica Romana”.

Vaticano, sede da Igreja Católica Apostólica Romana.

    Alguns anos após, em 395 D.c., a sede da Igreja será dividida para melhor administração. Uma ficará em Roma, outra em Constantinopla (futura Bizâncio). Tal divisão perdurará até o SÉC.XII, pois em 1054 as duas sedes se separarão ficando assim estabelecido o Cristianismo: Igreja Cristã Romana Ocidental e Igreja Cristã Bizantina Oriental. Episódio que passou a se chamar “O Grande Cisma”. Foi um rompimento violento tendo os mensageiros da Igreja Romana colocado sobre o altar da bela catedral de Santa Sofia em Istambul a bula de excomunhão do seu Patriarca.
    Muitas diferenças como estas propiciaram a separação: Ao contrário da Romana a Igreja Bizantina possuía o pensamento místico filosófico dos gregos, os cleros latinos obedeciam o celibato enquanto os do Oriente, por se quererem fiéis aos primeiros apóstolos do Cristo, casavam-se. Suas vestimentas diferiam e os orientais usavam barbas longas enquanto os latinos as cortavam.

Patriarca Krill, da igreja ortodoxa russa.

    O Grande Cisma dará origem ao nascimento das Igrejas Ortodoxas. Assim surgiram as Ortodoxas Russa, Grega, Síria, Arménia, Etíope, Copta, Indiana e Eritréia, que estão ativas até hoje.
   Nos séculos XII e XIII a Igreja entra em decadência moral, lutando contra os Islâmicos, dando início a oito Cruzadas que se estenderão por quase 100 anos. Hoje, não imaginamos que as grandes divergências Ocidente/Oriente têm raiz lá atrás, nas violências dos Cruzados contra os chamados “Infiéis”. Tivemos também em 1183 o “tribunal da Inquisição” que levou à fogueira milhares de inocentes. A Inquisição perdurará por séculos reaparecendo muito forte com o "Tribunal do Santo Ofício” ainda em 1559 na Espanha, que expulsará gerações de Judeus e Árabes de seu território.

Fogueiras da Inquisição.

    A perseguição aos heréticos do século XIII tem seu clímax com a impiedosa invasão à seita Cátara. Tal perseguição fez uma devastação no sul da França e em seus belos castelos e fortalezas como os de Beziers e Carcassone.

Fortaleza de Carcassone, reduto Cátaro.

    O século XVI nos trará uma grande mudança no Cristianismo a iniciar-se com a Reforma Luterana que implantou o Protestantismo. Tem início em 1517 com Lutero lutando contra a venda de indulgências. Lutero retira dos templos os ícones, porque estes eram também motivo de vendas exorbitantes feitas pela Igreja. Porém, muitos cristãos católicos discordam disso, achando que em momentos de oração, concentrar-se em imagens evita que se dispersem em coisas mundanas a seu redor, e também atrai para eles a energia benéfica do santo que a imagem representa.
    Após o Luteranismo, temos o surgimento da Igreja Anglicana em 1533. Esta reforma inglesa foi causada pelos reis Henrique VIII e Isabel.  Henrique VIII, em litígio com o papa porque este não lhe dava o divórcio para casar-se com Anna Bolena, organizou uma Igreja nacional: a Anglicana, sendo seu chefe religioso o próprio rei. Assim, depois em 1558, Isabel, sua filha e de Ana Bolena, impôs para sempre a nova Igreja. Até hoje todos os reis  ingleses conservam-se chefes da Igreja Anglicana.
    Tivemos entre os protestantes o Calvinismo e o Presbiterianismo. Este, que sempre fez oposição ao Anglicanismo, é uma Igreja que não possui bispos e as comunidades de fieis podem ser governadas por anciões (presbíteros) e mesmo por leigos. O Protestantismo contou também com seitas fortes como os Anabatistas que sobrevivem muito na América os Batistas e os Metodistas.
    No século XVII, ano de 1646, temos o aparecimento dos Quaker na Inglaterra. Mais tarde sendo fundada uma grande colônia dos Quaker na Pensilvânia nos E.U.A Rejeitam sacramentos, mas são muito meditativos.
    O século XIX aparece com dois grandes movimentos religiosos: Os Mórmons e os “Testemunhas de Jeová”.

Templo Mórmom em Campinas, SP.

     Os Mórmons originam-se dos Estados Unidos e acreditam no Milenarismo, isto é, a volta do Cristo que ,segundo eles, fundará na América uma nova Jerusalém. Admitem a poligamia, constituindo com isso famílias muito numerosas. Sua Bíblia e Livro seguem o pensamento protestante.
   Já os Testemunhas de Jeová surgiram também nos Estados Unidos em 1852. É uma seita muito combativa. Negam a divindade do Cristo, mas se dizem os verdadeiros cristãos. Têm o Cristo como um arcanjo que, tendo lutado contra o demônio, o venceu e tornou-se homem. Segundo eles, Satanás está no domínio do mundo. Para os Testemunhos de Jeová todos os clérigos são anticristos e o papado um império demoníaco. São contrários a todos modernismos como transfusões de sangue, direitos femininos e tantos outros.  Cada um de seus membros é encarregado de trazer uma ou mais pessoas ao seu tipo de pensamento.
    Em 1857 chega ao Rio de Janeiro o culto cristão Espírita procedente da França. A compilação das doutrinas espíritas feitas por Allan Kardec se espalha rapidamente. Mais tarde, este culto aparecerá também junto a cultos afros dando ensejo a outro movimento: a Umbanda, muito popular no Brasil.
    No Século XX proliferam as Igrejas Pentecostais surgidas nos E.U.A com origem nas Igrejas Batistas e Metodistas. Seus membros acreditam que seus ritos lhes trazem os dons do Espírito Santo, tal como receberam os apóstolos no dia de Pentecostes. A Bíblia, segundo eles, é tudo o que precisamos para nos orientar na vida. No Brasil, a primeira Pentecostal apareceu em 1910 no Pará. Entre as inúmeras cito aqui algumas:

    Igreja do Evangelho Quadrangular
    Igreja Deus e Amor
    Igreja Evangélica Pentecostal Brasil para Cristo
    Igreja Pentecostal Assembleia de Deus
    Igreja Universal do Reino de Deus
    Congregação Cristã do Brasil

    Em 1922 tivemos a fundação da Igreja Evangélica, em Michigan, nos E.U.A É fruto de dois movimentos evangélicos já existentes. Conta com várias Igrejas Evangélicas: Temos: A “Igreja Evangélica de Confissão Luterana”, que atrai para seus cultos descendentes de imigrantes alemães. A “Igreja Evangélica Reformada” vinda em 1934 dos E.U.A. A “Igreja Evangélica Pentecostal o Brasil para Cristo” fundada em 1954, possuindo um grande templo em São Paulo com capacidade para 15.000 pessoas.

Papa Francisco.

    Quanto ao papado, embora na Idade Média os papas da família dos Bórgia tenham manchado a Igreja com a sua licenciosidade, tivemos na Idade Moderna excelentes papas. Estes consagraram a doutrina social da Igreja, tal como o fez o papa Leão XIII com sua magnífica encíclica “Rerum Novarum” em 1891. Também depois em 1961 o papa João XXIII apresentando novos aspectos daquela doutrina na encíclica “Master e Magistra”.
     Hoje, o papa Francisco, figura de marcante bondade, mas grande coragem, vai pouco a pouco libertando a Igreja Cristã das amarras e erros que a prendem , trazendo aos cristãos a esperança de ver uma Igreja realmente remodelada.
    Neste nosso mundo atual, tão voltado ao consumismo e à tecnologia, aonde alguns chegaram a afirmar “Deus está morto”, aqui deixo estas inúmeras Igrejas, Seitas e Movimentos para provarem que a busca por Deus e o sentimento religioso permanece muito vivo no coração dos homens.

O Fascínio das Flores


    Inicia-se o ano de 2018.  Estou num jardim onde vicejam orquídeas variadas: brancas, roxas, amarelas. Sinto-me grata por ser de uma região do planeta onde a natureza é tão privilegiada. Nela vivem muitas e muitas flores, coloridas, perfumadas. Sou tão mal acostumada a ver tanta beleza, sou tão saciada por ela, que até me esqueço de povos que vivendo em meio a estepes eternamente nevadas, onde o sol pouco surge, fazem de qualquer pequeno musgo verde, qualquer água lúcida de um riacho eventualmente aparecidos, motivo de devoções e ritos.
    Penso neles agora admirada de que alguém viva sem nunca ter tocado os dedos nas pétalas macias de uma flor.
  Quando me absorvo na natureza, vejo que as flores têm, assim como nós, destinos e tarefas variadas a cumprir. Umas são mensageiras de amores apaixonados, outras de congratulações por vitórias obtidas, outras pretendem levar um pouco de vida aos que já faleceram, outras simplesmente alegram festividades com suas cores.
    Porém, não são apenas sua beleza e coloração que nos fascinam. Seu maior chamamento a nós é o perfume que exalam. Quimicamente nos aproveitamos dos aromas que contêm. Perfumamos com ele nosso corpo. Este é o maior intercâmbio físico que conseguimos entre nós e as flores. Mas, os momentos de meditações em que nos fixamos em sua beleza é o intercâmbio que realmente nos deixa deslumbrados.
    Assim como nós, as flores também mudam sua aparência conforme o clima aonde se desenvolve. As Tulipas podem percorrer mundo, exportadas por grandes empresas, mas será sempre na Holanda, com seu clima ameno, que estarão mais viçosas. Assim acontece com as flores de Cerejeiras japonesas; assim também com o Cravo da Ilha da Madeira; as Camélias de Sintra; a flor de Ceiba favorecida pelo clima úmido da Argentina, e a Lavanda cheirosa da região da Provença que deu a cidade de Grasse a fama de uma das maiores produtoras de perfume da França.
    Quando surge a primavera, da varanda de minha casa, vejo uma sequência de Ipês florescendo em colorações roxas, mas sei que em outros pontos de meu país os Ipês dourados estão dando uma verdadeira performance de beleza.
    O sol e seu esplendor é o grande responsável pelas mudanças contínuas de algumas flores. Reagem a ele, se abrindo e se fechando conforme a luz que lhes manda. Assim, o nosso popular “Onze Horas” está no máximo de sua abertura quando o sol está forte. Alguns “Mimo de Vênus” se fecham como um charuto quando o sol desaparece.
    Este contato entre sol e flores fez surgir na Antiguidade do imaginoso povo grego este belo mito do Girassol: Clítia era a ninfa de um bosque, apaixonada pelo deus solar Apolo. Todas as manhãs ia a uma montanha esperar quando Apolo, o sol, aparecia nos céus em seu carro de fogo, emitindo luz dourada para todos os lados. A cabecinha de Clítia acompanhava, enamorada, o movimento que o sol fazia desde seu surgimento no oriente até o seu ocaso no ocidente. Tanto fez isto, que seu corpo se enraizou no solo e ela foi tomando a cor do sol. Clítia tornou-se por fim um Girassol e hoje todos os seus herdeiros, todos os Girassóis do mundo acompanham o movimento solar. Giram, giram, seguindo o girar do sol.


    Existe uma flor, eu sei talvez a mais bela delas, para representar os quatro elementos da natureza: terra, água, ar e fogo: o Lótus. Nasce na profundidade da terra, levanta uma haste na água, levanta outra no ar e finamente abre sua beleza florida ao fogo solar.
    As religiões não são isentas da magia das flores. Escolhem-nas como princípios divinos de seus deuses, sábios e santos. Quem não sabe que as rosas brancas são o símbolo da mãe do Cristo? Quem não conhece a lenda das rosas vermelhas de santa Terezinha? Quem desconhece o próprio Lótus como a flor sagrada do Budismo? Já não viu o sábio Buda sentado sobre um Lótus de mil pétalas, isto significando que o Buda já tem o domínio sobre o seu sétimo chacra, o Sahashara, o maior centro de poder que um ser pode alcançar? A flor de Lótus é, enfim, dentro do Budismo a forma como os seres iluminados se manifestam.
    Veio-me à lembrança agora o jardim de uma casa que habitei. Ele contava com uma pequenina fonte onde boiavam minúsculas flores. Eram, sem dúvida, parentes em espécie da maior flor aquática brasileira; a Vitória Régia. É de nossa Amazônia que nos vem esta sua linda lenda: As índias de uma tribo eram apaixonadas pela beleza da lua e acontecia que a lua atraia muitas delas e as levava para o céu.  Naiá era a índia mais apaixonada de todas, mas seus irmãos a advertiam que não se envolvesse com a lua porque as jovens que subiam aos céus perdiam a forma humana, tornavam-se uma estrela e nunca mais voltavam ao seu lar na aldeia. Mas Naiá ficou tão triste de não atender os chamados da lua que passou a definhar, pois não comia mais. Uma noite de grande luar a lua estava refletida num lago. Naiá, imaginando que ela viera busca-la se atirou no lago para encontra-la e sem saber nadar, afogou-se.


    Muito comovida pelo que acontecera à Naiá, então, a lua que é uma deusa, resolveu transforma-la numa estrela da água: A linda flor Vitória Régia. Hoje, suas flores brancas, muito perfumadas, se abrem só ao anoitecer, quando a lua aparece.
    No jardim onde estou anoitece. Uma sombra de escuridão vai descendo sobre ele. Sua natureza vai repousar da ofuscante luz solar. Eu também entrarei para a sombra de um repouso, serena e grata pela generosidade das flores. Deram-me nesta divagação nada menos que o incomparável fascínio de sua beleza.