sábado, 13 de janeiro de 2018

Três Santos que Inspiram Intensa Devoção...

São Paulo, São Francisco, São Jorge...

   São Paulo

   Foi sem dúvida o mais importante líder do Cristianismo primitivo.
      Nascido em Tarso, na Turquia, ficou conhecido como Paulo de Tarso segundo o costume antigo de atribuir-se a alguém como sobrenome o local de seu nascimento. Chamavam-no também de Saulo. Sendo de família abastada comprou a cidadania romana o que dava à alguém na época, privilégios.
    Transferiu-se depois a Jerusalém onde tornou-se um “doutor em leis” trabalhando para o Sinédrio da cidade.
   Era um erudito, grande conhecedor da cultura grega, a mais elitizada que havia, falando fluentemente o hebraico além do grego. Grande escritor, suas cartas aparecem com destaque no Novo Testamento.
São Paulo, um doutor em leis...

    Com o beneplácito do sumo sacerdote do grande Templo, passa a perseguir os cristãos tão logo é iniciada a pregação de Jesus, vendo neste um simples impostor como tantos que ali apareciam pretendendo ser o Messias esperado.
   Estevão, um diácono, grande pregador que difundia a palavra do Cristo, foi um alvo constante de sua perseguição, sendo por fim morto por apedrejamento, por ordens de Paulo. È considerado então o primeiro mártir do Cristianismo.
   Paulo levou depois suas perseguições de casa em casa buscando prender adeptos da nova crença. Porém, iria acontecer com ele a surpreendente conversão e iluminação súbita quando foi encarregado pelo Sinédrio de levar sua fúria contra os cristãos em Damasco, na Síria. Dá-se ali o grande e inesquecível milagre cristão: Seu encontro com Jesus trinta e poucos anos após a morte deste.
  Cercado de uma luz fulgurante lhe aparece o Cristo a lhe perguntar: Saulo, por que me persegues?  Envolvido nestas simples palavras e naquela luz (que o deixou sem visão durante dias) tornou-se ali o seu maior propagador. É Lucas quem no ”Ato dos Apóstolos” conta esta belíssima conversão de Paulo.


O encontro de São Paulo com a Luz do Cristo.

    Fez três anos de solidão e meditações sobre os seus muitos erros e percorre depois inúmeros locais como Chipre, Macedônia, Atenas, Corinto e muitos outros.
   Com sua erudição, foi brilhante quando pregou na Acrópole de Atenas, sendo esta a cidade mais importante da época, centro de conceituada cultura.
   Outra de suas mais produtivas palestras ele a fez em Corinto. Corinto era então a sede de uma Igreja cristã que se considerava superior aos outros setores. Os líderes Coríntios eram demasiadamente orgulhosos e chamavam a si mesmos de “Os santos de Corinto”. Paulo lhes ensinou a humildade e em uma de suas cartas os exorta a cultiva-la e a lembrarem-se dos pobres.
   Não fosse o teor universalista das pregações de Paulo, hoje o Cristianismo seria talvez apenas uma igreja local circunscrita à Jerusalém. Entrou varias vezes em divergência com os apóstolos judeus porque estes exigiam a todos que queriam seguir o Cristo que se circuncisassem, o que os impedia de segui-Lo.
   Paulo é chamado “O Apóstolo dos gentios” (palavra hebraica que significa não-judeu, não-israelita). Levava ele a mensagem cristã, sobretudo às populações pagãs, principalmente à Grécia peninsular e à atual Turquia, enfim, a todos que estivessem carentes e sedentos das palavras cheias de misericórdia do Cristo.
   Para os historiadores apaixonados pela bela história do Cristianismo, apesar dos apóstolos que conviveram com o Cristo terem percorrido também extensos espaço em prol de Sua causa, o universalista Paulo de Tarso foi, na realidade, aquele que lhe deu a extensão que o credo cristão hoje possui.

         São Francisco

   Atributos diversos o caracterizam: Despojamento, Persistência, Identidade à natureza, Coragem, Amor. É “O Trovador de Deus”
   Despojamento: Quando o jovem Francesco pôs-se nu em praça pública, na pequenina vila italiana de Assis, não demonstrava apenas a revolta contra o luxo caseiro e de comerciantes e mercadores que exploravam uma cidade repleta de mendigos. Não tratava-se apenas de um ímpeto juvenil, mas já prognosticava a vida despojada de bens que escolheria, à renúncia a confortos supérfluos em que sempre viveria. Criaria uma Ordem cujos irmãos itinerantes não contariam nem com uma cama certa aonde repousarem.
   Persistência: Mostrou-a quando tentou sensibilizar o papa Inocêncio III com as regras Franciscanas que elaborara. Penou dias após dias de espera, pois tendo diante de si um jovem em roupas rotas, o pontífice lhe deu pouco crédito. Só pela insistência de um cardeal seduzido pela pureza de Francesco, acedeu em revê-lo. Mas com ressalvas de que tais regras eram demasiadas rigorosas para que alguém as aceitasse. Finalmente, após uma avaliação de vários cardeais, a personalidade verdadeira e carismática de Francesco acabou vencendo.

São Francisco com seu frades itinerantes.

    Amor à Natureza: Deixo-o bem explicito em seu magnífico poema “Cântico das Criaturas”. Nele, louva “o irmão sol, a irmã lua, a irmã água, o irmão vento, os frutos, as flores, as ervas,” e por fim atraia a seu redor os pássaros.
   Coragem: Demonstrou-a quando numa época em que Cristãos e Islâmicos digladiavam-se (estávamos no século XIII), dirigiu-se ao Marrocos conduzido por um ideal de obter paz. Ali, foi ao encontro do grande sultão inimigo Al Kamel pelo que lhe foi atribuído o título de “O Louco de Deus”.
   O sultão impressionou-se com a sua coragem  e desejoso já também de um acordo, ofereceu-lhe presentes ricos ,o que ele logo recusou, fiel que era à sua renúncia à riquezas ,o que mais surpreendeu o sultão, acostumado à voracidade dos cristãos que haviam pilhado as riquezas de Constantinopla numa desmedida avidez.
   Al Kamel acabou por lhe conceder escolta para que voltasse sem perigos ao acampamento cristão. Após alguns anos na Terra Santa, Francisco volta à Itália em grande tristeza, pois seus esforços foram inúteis, a guerra entre os dois lados continuariam. Também por ter observado o comportamento demasiado cruel daqueles que se diziam seguidores do Cristo.
   Sua tristeza depois aumentaria, ao voltar à sua terra depois daqueles anos ausente, os seus frades itinerantes, pela tanta prática que tinham de andar pelos interiores, haviam sido aproveitados para denunciar ao braço secular da Inquisição possíveis “Infiéis” Islâmicos.
   Amor: Mostrou-o na sua convivência com os atingidos pela lepra, doença que muito se alastrava na época. Levando consolo, sua presença alegre e poética era inestimável para aqueles excluídos e renegados por sua sociedade e muitos até por suas famílias.
 “O Trovador de Deus”: Por viver sua infância e juventude entre Assis e Provence, na França, (de onde lhe veio o nome de Francesco, embora se chamasse Giovanni) herdou a poética lírica de seus trovadores. Porém, mais tarde, trocaria as canções de seus menestréis que louvavam o amor sensual e a atração feminina pelo novo entusiasmo que o tomou: A busca da espiritualidade, a busca de Deus.

              São Jorge

      Podemos considera-lo o santo da religiosidade popular.
    Em casebres humildes encontramos nas paredes em gravuras e quadrinhos toscos sua figura montada em cavalo, matando um aterrorizante dragão. É o modo encontrado de afugentar o mal que possa entrar naqueles lares.
    É o grande guerreiro nascido na Capadócia, região da Turquia, no terceiro século pós Cristo. Foi soldado do imperador romano Diocleciano, passando a ser torturado por sua adesão ao Cristianismo.

São Jorge enfrentando o dragão.

   Sua vida é, contudo lendária, mas apesar da Igreja atribuir pouca veracidade histórica à sua vida, não julgando obrigatório o seu culto, na Inglaterra seu nome foi dado a príncipes que seriam reis e continua sendo ali o seu patrono protetor. Isto desde o Séc. XIV quando foi criada a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, também chamada de Jarreteira.
   Conta-se que em suas andanças como militar que era, chega a uma cidade assolada pela presença de um dragão. Após o recurso de oferecer a este ovelhas para matar sua voracidade tendo sido todas elas eliminadas, ofereceram-lhe jovens, e foi justamente quando iria ser sacrificada a filha do grande senhor da cidade, que surge Jorge que a salva enfrentando o dragão, matando-o.
   Naturalmente que esta lenda é bastante fantasiosa, mas o que importa aos fiéis de Jorge é o conteúdo simbólico que ela contém: O mal sendo extirpado. O simbolismo justifica o mito e o faz inesquecível. Por ele, os cristãos o identificam também ao Arcanjo Miguel, guerreiro príncipe da legião celeste, que empunhando uma espada mata um dragão. Atribuem a ambos o mesmo status de salvador.
Orixá Ogum no Camdomblé!

   No Brasil, a Afro brasileira lhe faz um sincretismo com o Orixá Ogum, este também um guerreiro protetor dos militares e combatentes. Seus cultos se estendem um mesclado ao outro nos Estados onde Umbanda e Candomblé são mais fortes como Rio de Janeiro, Bahia e Minas.

   Ter sido decapitado por querer afastar dos cristãos o mal, faz de São Jorge realmente uma figura relevante no imaginário popular.