sábado, 16 de março de 2013

A Escada de Jacó

Interpretação Rosa Cruz
de uma alegoria bíblica
   
Jacó, o neto de Abraão, teria nos deixado uma alegoria que nos fala dos vários passos que damos durante a trajetória da nossa evolução. Ele sonhou que via uma escada que, estando apoiada no chão, era tão alta que tocava o céu. Tal escada teria sete degraus. No alto dela, lá estava Jeová, o deus de Israel, convidando Jacó a subi-la. “Jacó entendeu que aquela escada era a porta para a “terra prometida”, entendendo-se a ” terra prometida” como o clímax da espiritualidade que o homem atingirá.
O Rosa Cruz nos apresentam os degraus da escada como se cada um deles estivesse relacionado com uma montanha que aparece em sete episódios históricos vividos pelo povo judeu. Melhor dizendo, a história judaica, desde o episódio de Noé até a chegada de Jesus, teria requerido dos povos judeus sete grandes esforços evolutivos, que todo homem tem que passar em sua existência.
    Os degraus corresponderiam aos montes Ararat, Moriá, Sinai, Tabor, Gólgota e Oliveiras.
    No primeiro degrau, depois de um dilúvio devastador, Noé, reuniu todos os seus bens e chegou ao monte Ararat, onde encontra refúgio. Dali soltou depois uma pomba que voltou com um ramo de oliveira no bico. Isto lhe revelava: As terras não estavam mais cobertas pelas águas, estavam lhe esperando para fazer um novo plantio. Também nós quando, por erros nossos passamos por problemas devastadores, recebemos de Deus uma nova oportunidade de recomeçarmos levando conosco os bens espirituais que já tenhamos conquistado.

    Depois, Abraão dirigiu-se ao monte Moriá. Neste episódio lhe era requerido por Jeová um sacrifício. Sacrificar num holocausto seu único filho Isaac. Ele o pôs então sobre o altar do sacrifício, mas, por sua grande Fé, Deus o poupou. Este é o degrau da fé em Deus, da certeza de que os nossos sacrifícios serão compensados.
    O terceiro degrau da escada evolutiva refere-se ao episódio de Moisés subindo o monte Sinai. Ali ele receberia o Decálogo, um código de leis. Ninguém se adianta se não tiver disciplina, da obediência.  Geralmente quando, falamos em obediência não sabemos o que é sermos obedientes aos princípios divinos. Como exemplo, poderíamos citar o que fazemos com um animal que tem demasiada energia, tem capacidade para correr em grande espaço. Então, desobedecendo as leis de seu corpo, o pomos numa jaula minúscula onde ficará cerceado de sua verdadeira natureza.
    No quarto degrau encontramos os judeus, após atravessarem o deserto, vindos de uma escravidão no Egito, chegando ao monte Carmelo. Ali encontraram verdadeiros e falsos profetas. Como distinguir os falsos? É o degrau dos conflitos íntimos entre as nossas duas vozes internas Ele são nossos verdadeiros e falsos profetas. É o degrau do discernimento. Como exemplo podemos citar a dificuldade que os estudantes esotéricos encontram em distinguir entre psiquismo  e espiritualidade.
    Só após passar o degrau do discernimento poderemos subir o monte Tabor. Ele é o monte da Transfiguração de Jesus. È o degrau do nascimento espiritual. Neste monte Jesus leva consegue representa a obediência aos princípios divinos, Tiago representa a valentia e João é o amor.
    Depois desta transfiguração, onde transcendeu todas as diferenças religiosas e culturais, o homem terá que subir o monte do Gólgota. É o calvário da sua solidão, da incompreensão por parte de todos que o cercam. Mesmo estando em meio a um grande grupo, se sentirá só. Terá que persistir em seu ideal sem ajuda. È o teste de sua persistência e a renúncia a reconhecimentos. Como exemplo, temos o caso de Jesus seus discípulos Pedro, Tiago e João. Para transportá-lo somos ajudados por 3 forças superiores simbolizadas nas características dos discípulos. Pedro subindo sozinho o Calvário, incompreendido e abandonado.
    Porém, o último degrau refere-se aos momentos de maior paz e felicidade que um homem pode atingir. É o momento da entrega total. É Jesus no Monte das Oliveiras, onde ele se abastecia na unidade com Deus.

O Três Logos e a Santíssima Trindade


    Para um espiritualista o início da Criação foi a Unidade. Um ponto que continha tudo
Uma criação feita em três momentos, em três fases distintas chamadas de “Logos”. Assim nasceu o que chamamos de Trindade.
   O primeiro Logos é o momento criativo. È a matéria virgem que contem tudo.  É a fonte de onde proviemos, a parte mais superior do nosso ser, é a nossa substância primordial. É enfim o nosso espírito. Neste primeiro momento o movimento, as Mônadas, as formas ainda não existiam.  Por isso quando eventualmente numa meditação alcançamos esta parte superior do nosso ser a chamamos de “O Grande Silêncio”. O Cristianismo chama esta nossa substância primordial de “Pai”.
 
Deus limitando-se a si mesmo para criar os três Logos.
 
   No segundo Logos, segundo momento da Criação, são criadas as Unidades de Consciência, a que chamamos “Mônadas” (que somos cada um de nós). Com elas, quando formos nos relacionar com o habitat que seria posteriormente criado para vivermos, poderemos chegar à Sabedoria, conhecer os mistérios divinos , todos os mistérios da Criação.  Aqui, já teremos que começar a distinguir a Consciência de nossa Mônada da nossa mente ( como explicarei mais adiante).
   Sendo a Mônada criada da substância primordial, do Pai, contem naturalmente todos os poderes latentes que a constituíam. Enfim, aqui temos explicada a frase: “Somos feitos à semelhança de Deus Pai criador”. O Cristianismo chama esta parte do nosso ser, o Segundo Logos, de “Filho”. A chamamos também de “Alma”.
   No Terceiro Logos, terceiro momento da Criação, surge então o universo formal, as formas que irão envolver as Mônadas, aquelas unidades de Consciência. Formas que passarão por um processo evolutivo através dos reinos minerais, vegetais e animais até as mônadas chegarem a ser envoltas numa forma humana. A Consciência da Mônada (que chamamos também de “Centelha Divina”) irá penetrar nossos corpos formais humanos, desde o chamado” Ponto Central de Nosso Ser”.
   Estas formas que envolvem as Mônadas, os seus corpos, obedecem também a grande energia da Trindade. Serão: físicos, emocionais e mentais. Vemos aqui então que a mente apenas percebe sensorialmente o habitat em que vive, não ultrapassa este limite. Não tem o percebimento dos mistérios da criação, não atinge à plena sabedoria como o pode fazer a Consciência da Mônada. Numa meditação fazemos então eventualmente o contato com nosso eu superior, através do Segundo Logos, da Consciência da nossa Alma, do Filho, tal como o disse Jesus: “Ninguém vai ao Pai a não ser através de Mim”. Referindo-se a ele mesmo como um representante do Filho, do Segundo Logos. Então, em meditação, jamais atingiremos o Pai através da mente, ao contrário, temos que ali transcender aos nossos três corpos inferiores, dos quais a mente é um deles.
   No momento do Terceiro Logos todo o universo formal manifestado é então criado. Por isso os espiritualistas costumam dizer que apesar dos cientistas dizerem que não acreditam em Deus, na medida em que  se dedicam a estudar o universo manifestado ,estão, sem o saber,estudando a Deus em seu terceiro aspecto: O universo formal.
   Esta grande força criativa da Trindade está também presente em nosso desenvolvimento social e religioso, tal como nos afirmou Hermes Trimegisto na antiguidade: “Assim como é acima assim é abaixo”. Caminhamos sempre sob a tutela desta força trina.
 
Pai, Filho e Espírito Santo; a Força Trina.
 
   A religião indiana busca o Pai. Com suas interiorizações nos trouxeram esta maravilha que é a meditação. No entanto, observamos que amiúde fazemos com ela um erro: A alienação, a desvalorização e o desligamento dos valores do plano físico em que vivemos.
 As religiões cristã, islâmica e judaica dedicam-se a energia do Segundo Logos, do Filho. Representam o relacionamento ético entre as mônadas. Seu erro é o grande rigor que às vezes requerem de seus adeptos, principalmente no que se refere a seus vestuários, participação em festas etc.
   As religiões de cunho egípcio, africanas, atuam com a força do Espírito Santo. O Terceiro Logos, a forma, a matéria, o externo. Então vemos predominar nelas a magia. Trazem-nos amuletos, oferendas, ervas etc. Naturalmente recursos que a natureza coloca a nosso dispor para nos auxiliar. Porém, seu grande perigo é achar que todos os nossos problemas podem ser resolvidos apenas pela magia, sem a preocupação da vigia de comportamento sobre nós mesmo, como nos pede o Segundo Logos.
   Observamos que os ciclos civilizatórios obedecem também à força da Trindade. Já passamos pelo ciclo do Pai (o Patriarcado), pelo ciclo do Filho e agora estamos no ciclo do Espírito Santo. Sendo este a representação da nossa parte formal, do feminino em nós, desta força que tenta exteriorizar tudo, seremos por ela levados a manifestar, a concretizar por fim as doutrinas, os ideais que nos foram deixados pelos representantes das religiões do Segundo logos.
   Não só a nossa civilização segue a força da Trindade, como também nosso sistema solar ilumina e dá a vida ao nosso mundo através das três cores básicas de seu prisma de luz: Azul, amarelo e vermelho.
Quando nós espiritualistas: Eu sou Luz! Minha Mônada é Luz!  Referimos-nos à força da Trindade nos atingindo através do prisma solar.
   A Trindade era um assunto muito estudado no Gnosticismo antigo. Para amenizar a atração que este estudo exercia nas pessoas, ou talvez por não querer interpretações errôneas sobre a figura de Jesus, a Igreja criou o dogma da Santíssima Trindade, que, em sendo dogma, não podia ser estudado sob pena de heresia. Assim tivemos por séculos este assunto posto de lado.
   No século XIX, a Cromoterapia foi rebuscar o que já havia sido estudado tanto na Gnose antiga como em outras escolas iniciáticas. Dedicou-se às propriedades destas três cores básicas, como elas atuam em nosso ser. Assim, desde então nos foi dito que a energia vinda de tais cores atinge nossas capacidades de ter Vontade, de adquirirmos Sabedoria e de termos Amor. Por esta razão é com estas cores, que representam nossas três principais capacidades, que trabalhamos em ritos e meditações espiritualistas.