sábado, 22 de setembro de 2012

Raja Yoga


Yoga significa União. Raja, real.

Alcança-se esta união por uma escada de oito degraus, cuja base é Yama e cujo ápice é o Samadhi.

YAMA – Devoção - Neste degrau todas as ações de nossa vida são revalorizadas por uma atitude de devotamento. É nos preparar para viver uma circunstância como um sacerdote que se paramenta  para contatar aquilo que ele mais ama e reverencia.Yama significa buscarmos seja dentro de uma circunstância alegre ou adversa, algo para amar.É a santificação e a valorização dos nossos atos mais banais ,da energia que gastamos neles.Neste degrau, o importante não será fazer algo, mas ser dentro dele, darmos sentido à ele.

NYAMA -- Limpeza, Purificação - Neste degrau, a potência da deusa Shiva destrói todo o erro acumulado. Deste tipo de energia nos aproveitamos para nos limparmos.Ela está na água, na lua , na terra , nos sons ,em toda a parte .Se nos banharmos nos rios sagrados Jordão, Ganges ou Urubamba,sem pormos nossa consciência neste banho, certamente só o nosso corpo físico ficará lavado. Porém, se sintonizados e agradecidos ao elemento água, por certo também nossos corpos mais sutis ficarão purificados. Banhemo-nos no entardecer de uma praia de mar. Na subida da maré o elemento água está muito potente. Sintamos então como nossas emoções livram-se de agitações, ficam limpas de impurezas, nossas vibrações normais são recuperadas.
 

Passemos sob a lua. Ela é inigualável para os chacras inferiores e para a corrente sanguínea. As inspirações vindas da lua é consequência da purificação que se processa em nossos chacras inferiores. Tão potente é a sua força na corrente sanguínea que os orientais afirmam que pessoas doentes quando muito expostas à luz do luar, podem sofrer hemoptises ou hemorragias. Também que a lua regula o ciclo de purificação menstrual no corpo da mulher.

O poder purificador de Shiva nos banhos de terra é conhecido. Aproveitemos dele, sem prolongamentos que poderiam nos debilitar. Sermos usufrutuários mas também observadores e pesquisadores das energias divinas é a finalidade da Raja Yoga.

Banhemo-nos em pensamento sob o som do mantra AUM. Ele é a palavra criadora de três tempos que nos equilibra, nos colocando em sintonia com o ritmo do próprio universo. Também o ritmo trino de uma valsa (Um,dois, três)nos equilibrará igualmente ,limpa qualquer  tristeza acumulada no nosso chacra cardíaco e, sob seu embalo, acompanhamos o ritmo do movimento criador universal. A música sacra atua nos vórtices de nosso chacra pituitário da cabeça nos libertando de emoções inúteis. Sejamos fortes sob sons folclóricos e marchas. Eles porão à tona lembranças cármicas de raças e nações, mas também propiciam uniões grupais quando se faz necessário, mormente nos momentos que antecedem às revoluções. Músicas de ritmos fortes como o rock  e o chamado Metaleiro,  apesar de nem sempre agradáveis, está tendo um importante papel na atualidade pois rompem com o acúmulo das chamadas “egrégoras negativas” em diversos locais.

ASANAS – Postura - Nossa coluna é uma chaminé carregando energia, um cano. Não a encurvemos. Mantendo-a reta ela será o conduto perfeito para a nossa força vital. É o eixo que sustenta nosso corpo.  Para exercícios e meditações, a posição egípcia sentada, é a melhor para nós ocidentais, pois qualquer mal estar provocado no sentar-se ao chão de pernas cruzadas (para nós não tão acostumados a ela como os orientais) poderia nos tirar a concentração. ASANA é a preocupação de fazermos de nosso corpo um cristal límpido que deixará passara a luz dos nossos corpos mais sutis e as energias do habitat no qual estamos inseridos.

PRANAYAMA – Abastecimento - Ao contrário da exterminadora Nyama , Pranayama é abastecedora. Neste degrau, se absorve a energia vivificante de todas as coisas.Caminhar descalço sobre um solo recebendo a potência da mãe terra,sentindo o intercâmbio vitalizador entre homem e natureza, isto é Pranayama. Lembremos Jesus e Buda (o primeiro energizando-se no monte das oliveiras e o segundo iluminando-se sob a árvore Bhô.)recebendo ambos as energias polian das árvores, recebendo inspirações para expandirem depois o fogo interno de um ideal.


Respiremos profundamente o prana solar. Sintamos este alento que nos mantêm vivos!Sentir este alento é a mais sublime experiência de um discípulo da Raja Yoga, principalmente sentir o ritmo com que é absorvida a energia prânica. Ele é o transcendente mistério que nos deslumbra.

PRATYHARA – Entrega - Geralmente inicia-se por um exame de consciência, por indagações e pedidos de intuições, seguidos de uma entrega. Isto é, deixamos que respostas venham quando menos esperamos. Respostas não vêm quando a nossa mente está objetivamente raciocinando, o que não invalida o esforço do raciocínio, pois a inspiração será sempre fruto de um esforço feito anteriormente, mas que virá no momento em que a mente está absolutamente despreocupada e serena para recebê-las.  È enfim, um alçar-se e depois relaxar, certo de que a colheita em momento certo virá.

DHARANNA - Concentração - É o degrau que levará a uma meditação perfeita no degrau seguinte de Dhyana. Concentrar é vencer a dispersão da mente. Necessitamos achar algo para ser o objeto da nossa concentração, seja ele um objeto físico, uma parte de nosso corpo,ou uma circunstância que estamos vivendo. Então treinamos nossa mente, buscando domá-la como se fosse um cavalo fogoso, trazendo-a ao objeto de nossa atenção cada vez que ela quer dispersar-se. Quando vencemos a mente concreta, quando esta fica serena, sem passar descontroladamente de um pensamento a outro, entramos então na mente abstrata, na mente causal,a verdadeira mente meditativa. Ao exercitarmos Dharanna, lembremos que a mente não é o fim, é um meio. Ela é o instrumento, o violino que, bem afinado, nos mostrará a melodia. Tão somente a melodia que iremos tirar dela no último degrau é o importante.
 

DHYANA – Meditação - Com a prática da meditação, ficaremos aptos a ver qualquer objeto de nossa atenção em sua profundidade, não apenas superficialmente em suas exterioridades. Teremos entrado na mente causal,onde está a matriz, a causa de tudo o que nos cerca,de tudo que nos acontece. Através da prática de Dhyana chega-se a compreender não só a causa, mas também a finalidade e participação de coisas e seres dentro do plano universal.

SAMADHI – Contemplação - É o êxtase dos místicos, a consciência da Unidade. É o sentir da vida universal presente em tudo,é a identidade do nosso Eu com todos os Eus, ver em cada um, uma extensão nossa.Tal como diz Ramacharaca em seu Raja Yoga,” o Samadhi é a imersão do Eu no Eu universal. Imersão esta que não é a extinção da individualidade, como muitos pensam, mas sim o alargamento da consciência individual que aumenta até abraçar o Todo.”

O enlevo provocado por este abraço inicialmente se manifestará em instantes fulgidíos e de isolamento. Porém, um dia o perfeito Raja Yoga viverá em permanente Samadhi, porque as suas atitudes e sentir  será um constante “abraçar o Todo”, santificando cada momento de sua vida.

 

(Estudo baseado na RAJA Yoga de Ramacharaca)

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