segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Sufismo

Trechos sobre Sufismo extraído do meu livro ”Movimentos Religiosos dos séculos XI, XII, XIII.”

   A obediência do Islamismo acata principalmente aquela exigida nos cinco pilares básicos de sua religião. Todo Islâmico deseja, como respeito a eles, um dia ir dar suas sete voltas em torno da Caaba, na cidade sagrada de Meca e jamais esquece o Ramadã, etc. Enfim, cumpre cada um deles.

   Um Sufi igualmente os acata, porém interpreta a obediência também subjetivamente como um respeito aos princípios que regem homem e natureza. Note-se aqui a identidade de Mevlana Rumi, mestre sufi, a ele: ”Sou a névoa da manhã e a brisa da tarde. Sou o vento na copa das árvores e as ondas sobre o penhasco. Sou todas as ordens de seres e todas as galáxias girantes.”.

   O Islamismo ortodoxo é, sobretudo dogmático, obediente às regras estabelecidas no Corão.

O Sufi é, porém um místico que busca a identidade com o Divino. O pensar do ortodoxo islâmico lhe diz que Deus é para ser adorado, jamais buscado num interagir, numa experiência pessoal homem-divindade. Buscar o sagrado em seu íntimo lhe parece uma pretensão que se avizinha de uma heresia. Crê que a mesquita é a casa de Deus onde, em genuflexões, deverá cultuá-lo. Mas seu próprio corpo, sua personalidade pecadora estão tão distantes da perfeição suprema que desejar contatá-la pela meditação, pela mística, é certamente profanação.
   Já os Sufis dão uma veracidade, apoiada na própria origem do Islã, aos seus pensamentos místicos. Consideram ter sido Fátima, a filha do Profeta,e seu marido Ali que entre 661 e 633dc obtiveram de Maomé os primeiros ensinamentos do Sufismo nos quais estão expostos um caminho de experiências espirituais.
 
   Do Afeganistão nos veio o Mestre pacífico do Islã, Mevlana Rumi, que o propagou na Ásia menor, onde até hoje é idolatrado. É o grande inspirador das danças dervixes giratórias. A não necessidade de estar-se em templos ou no inserirmos em religiões organizadas para atingir o propósito de união com Deus, ele nos revela neste poema em que se imagina passando por locais e objetos sagrados:

  “Examinei a Cruz e os cristãos do princípio ao fim. Ele não estava na Cruz. Fui ao templo Hindu, ao antigo pagode. Em nenhum havia qualquer sinal d’Ele. Subi aos cumes de Harat e Kandahar. Olhei. Ele não estava no cume, nem no planalto. Resoluto ascendi ao topo da montanha de Kaf. Lá só havia o lugar do pássaro Anqa. Fui á Caaba. Não O vi lá. Contemplei meu coração. E, nesse lugar eu O vi. Não estava em nenhum outro “

Rumi, criador da dança Sama, a dança giratória dos dervixes.


   Aos trinta e sete anos Rumi encontrou um andarilho de nome Shamas ad Din, um místico apaixonado pelo amor a Deus e as suas criaturas, e fez dele o seu Mestre. Sua adoração a ele, os versos que este lhe inspirou estão entre os mais belo da arte poética, escritos em persa. Em muitos, enfatizou a grande saudade que sentiu do seu Mestre após a morte dele. Tal episódio daria a característica da Escola de Dervixes Girantes que depois criaria: A evolução espiritual obtida só através de um Mestre. Segundo ele afirmava: o homem faz parte de uma unicidade entre seres, jamais poderia evoluir sem o concurso de outro alguém.

   Rumi em sua orientação a seus dervixes, sempre deu ênfase à tolerância, sendo conhecido no Sufismo como “Mestre do Amor”. Afirmava que rasgaria toda a sua erudição, sua intelectualidade, se fosse necessário sacrificá-las, para desenvolver mais amor.



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