terça-feira, 20 de setembro de 2011

O Caminho de Santiago de Compostela

  Rota de quase 900 km que atravessa o extremo norte da Espanha, desde a França até o Finisterra. Antes que este caminho fosse chamado de Santiago de Compostela, nele transitavam povos pagãos, grupos de sacerdotes e místicos que atravessavam os Pirineus vindos da França. Eram os Celtas Druidas. Sua principal devoção era à Mãe Terra, uma vez que se consideravam originários do povo de Dana, a grande deusa da época matriarcal e se intitulavam “Tuatha Dé Danann”. Naquele caminho encontravam uma boa razão para reverenciá-la. Sob seu solo se concentrava grande quantidade do metal Telúrio que consideravam a manifestação energética desta deusa. Chamavam-na também de Virgem Negra, justamente pela cor deste metal negro. O paganismo celta sempre celebrou Virgens Negras por causa da crença de que sua força viria deste metal. À força telúrica então correspondia à da Mãe Terra, cuja concentração maior estava neste Caminho.
Catedral de Santiago de Compostela, destino dos peregrinos do caminho.

 Pela época em que os bárbaros Visigodos, lá pelos anos 400, invadiram a Espanha, o Finisterra, local isolado, considerado na época como o extremo fim do mundo conhecido, era visitado por grupos místicos que iam venerar um mestre de nome Jakim. Iam ali fazer retiros e consultá-lo. Mesmo após a sua morte, continuaram por longo tempo atravessando o norte da Espanha até o Finisterra para louvá-lo. Também na posterior invasão dos romanos,estes levantaram em todo o norte espanhol muitos locais de ritos a seus deuses, como Mercúrio ,Marte etc. Portanto, este percurso sempre foi pleno de peregrinações devocionais.
  Só pelo sec. IX começaram nele as devoções cristãs ao apóstolo Tiago Maior. Conta-nos o Cristianismo que Tiago havia saído da Palestina para pregar a mensagem do Cristo no norte da Espanha. Ao retornar á Palestina foi decapitado por Herodes. Seus adeptos então a fim de preservarem seu corpo de profanações romanas, fizeram-lhe um tipo de embalsamento e o levaram para ser enterrado na Espanha. Enterraram-no onde hoje se localiza Compostela, que na Antiguidade era um grande areal. Passou tempo ali enterrado, escondido de invasões, até que no Sec. IX alguém viu uma chuva de estrelas caindo sobre um montículo de areia.
A concha, símbolo dos peregrinos de Santiago.


 Desenterraram então seu corpo, identificado pela maneira de se enterrar na Judéia. Deram ao local o nome de “Campo de Estrelas” que depois se tornou “Compostela”. Tiveram então início as peregrinações ao corpo do apóstolo que recebeu sobre ele o 1°templo.
 Tais peregrinações foram incentivadas pela Igreja pelo desejo de exterminar com os cultos pagãos preservados ainda no Caminho. Muitas capelas e igrejas  à Nossa Senhora foram erguidas nos locais onde antes se homenageava a Virgem Negra. Assim, ritos devocionais continuaram a ser feitos em todo aquele percurso.
 A Espanha contou com três grandes religiões: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo dos Mouros. Aconteceram ali então inúmeras lutas para a manutenção do Cristianismo. Criaram-se lendas de que a alma de São Tiago participava destas batalhas em favor do Cristianismo, naturalmente. Por isto, hoje temos ali duas representações suas: São Tiago Peregrino e São Tiago Matamouros, como se fosse possível se imaginar um apóstolo do Cristo  trabalhando em batalhas.
Mais tarde, no Sec. XIII entrou no Caminho outra leva de místicos: Os Templários. Construíram em todo o percurso inúmeros hospitais, hospedarias e capelas para atender os peregrinos. Como já eram perseguidos pela Igreja, foram deixando nestas capelas símbolos onde ocultavam os seus conhecimentos esotéricos. Tal é o caso da Ermida de Eunates, localizada sobre um grande veio de Telúrio, em forma octogonal, representando o número oito, símbolo do 2° nascimento de um Iniciado.
Ermida de Eunates, construção templária.

 A outra grande contribuição artística que deram ao Caminho são as grandes catedrais góticas que, em união com a Maçonaria, ajudaram a construir, também repletas de símbolos místicos.
 Tais peregrinações foram aumentadas significativamente porque, pelas Cruzadas, as peregrinações à Terra Santa estavam suspensas. Também contribuiu o fato de aquelas pessoas que praticavam algum delito na Europa, em vez de serem presas, podiam resgatá-lo fazendo uma peregrinação à Compostela, o que na época representava um grande sacrifício. Ao voltarem, deviam trazer um comprovante de que lá estiveram. Isto é a origem da chamada” Compostelana”.
 Os peregrinos antigos costumavam trazer conchas para exibi-las para família e amigos, pois em épocas antigas o mar chegava às proximidades de Compostela. Assim, a concha tornou-se símbolo do Caminho.
 Hoje, o Caminho de Santiago é tombado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade .Ali, se encontram habitações dos antigos Celtas (caso do Cebreiro) absolutamente preservadas, alem do Caminho ser um mina para artistas e arquitetos pelos seus inúmeros monumentos de estilo Românico e Gótico.
 Para um místico é o percurso imperdível, onde vão encontrar muita energia devocional para abastecer-se espiritualmente e uma simbologia que irá enriquecer seus conhecimentos.
 Podemos alem disso, adquirir a simplória inocência daqueles que moram no Caminho: Quando vêm uma estrela cadente gritam:” Deus te guie para o bem”. Acreditam que as estrelas cadentes são almas dos peregrinos mortos que buscam inserir-se na Via Láctea; que as vezes porem suas almas se perdem e caem de volta na terra. Gritando “Deus te Guie” tais almas acharão novamente a direção que as levará à Via láctea.

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